Projeto Florestando chega à creche Municipal de Florestal

Fortalecer e ampliar uma mudança de cultura em torno da produção familiar agroecológica e do consumo de alimentos é uma das grandes expectativas da iniciativa

Conhecer mais profundamente os legumes e verduras, suas texturas e seus sabores. Esses foram alguns dos desafios propostos pelas professoras da creche municipal Professor Stélio Mendes Barroca, durante a semana de 1º a 5 de abril de 2019. Cerca de 140 crianças de 2 e 3 anos participaram das atividades, que integram o eixo educação do projeto Florestando, implementado na cidade de Florestal, desde dezembro de 2018.

Antes do momento de degustação, o consumo de alimentos saudáveis e cultivados de maneira sustentável foi abordado em sala de aula, como explica a coordenadora pedagógica da unidade de ensino, Simône Naime: "O importante é que nós conseguimos, de maneira lúdica, transmitir uma mensagem sobre a necessidade do consumo diário de frutas e legumes pelas nossas crianças, que repercutirão com os pais o que aprendem aqui na creche".

Outra ação do projeto consiste em apurar a rotina alimentar das crianças. Para isso, foram distribuídos questionários aos pais e responsáveis. "Essas informações serão encaminhas a uma nutricionista, que vai reunir com os pais para tratar desse tema tão importante", relata a coordenadora da creche. A etapa final do projeto na creche será a implementação de uma horta agroecológica, que contará com o apoio do Universidade Federal de Viçosa (UFV), para o cultivo de frutas, legumes e hortaliças para consumo na escola.

As atividades na creche municipal de Florestal integram as ações do Projeto Florestando, em seu eixo educação, cujo foco é informar, sensibilizar, capacitar e mobilizar profissionais da educação infantil e do ensino fundamental e médio com o objetivo de viabilizar a inclusão do tema Educação Alimentar e Nutricional no currículo escolar, de modo transversal.

A procuradora do Trabalho e coordenadora do projeto, Advane de Souza Moreira, esclarece que providências adequadas a cada idade estão sendo acordadas entre professores e os agricultores, com o objetivo de sensibilizar e conscientizar as crianças e suas famílias de que a vida do homem depende do ambiente e o ambiente depende de cada cidadão consciente de seu papel enquanto sujeito atuante e investido em responsabilidade perante os interesses coletivos.

Está em andamento também a criação de hortas agroecológicas na pré-escola de Florestal e, nos diversos períodos do ensino fundamental até o 5º ano, a abordagem de temas afins deverá ser incrementada com atividades diversas em feira de ciências e visitas a plantações. As estratégias de atuação serão desenvolvidas em etapas, para que as crianças possam se adaptar ao ambiente do cultivo das plantas e assim tenham a oportunidade de aproveitar com sucesso os processos de atuação como atividades pedagógicas de aprendizado da vida em sociedade. Acesse a galeria de fotos das atividades.

   

 

Próximo evento: em continuidade às atividades do eixo educação, será realizada no dia 22 de abril uma oficina visando ampliar e facilitar o aproveitamento de produtos agroecológicos da produção local na merenda escolar. O evento será facilitado pela nutricionista Regina Rodrigues de Oliveira e deverá contar com a participação de funcionários da Emater/MG, da Prefeitura de Florestal e de produtores. Na sequência, será oferecida aos membros do Conselho de Alimentação Escolar de Florestal uma capacitação para o pleno exercício das importantes funções do órgão colegiado no acompanhamento de todos os assuntos pertinentes à alimentação dos estudantes nos estabelecimentos de ensino do município.

Saiba mais sobre o Florestando: O município de Florestal, que fica 66 km de Belo Horizonte, é sede do projeto que fomenta a produção familiar agroecológica. São desenvolvidas ações de mobilização e conscientização a respeito da diversidade dos sistemas de cultivo dos alimentos, seus impactos na saúde e no meio ambiente, bem como a consolidação de medidas de impacto pedagógico no público infantil e nos demais consumidores dos produtos de base agroecológica, além da oferta de apoio técnico aos produtores. O projeto funciona em quatro eixos: educação, saúde, produção e comercialização.

O Florestando resulta de parceria entre a Associação Florestalense de Agroecologia, a Prefeitura Municipal de Florestal, a Câmara Municipal de Florestal, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural em Minas Gerais – Emater/MG, a Plataforma Semente e Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais – MPT-MG.

Outros eixos do programa seguem desenvolvendo suas atividades, em cumprimento ao amplo cronograma do projeto. No dia 29 de abril voluntários vão trabalhar no eixo produção. Será realizado o mutirão agroflorestal na fazenda Ribeirão das Lages, para a implantação de uma horta agroecológica, poda de árvores frutíferas e intercâmbio de conhecimentos. Você pode obter mais informações pelo telefone (31) 99817-5154

 

 

Confira outra importante iniciativa do Florestando: nos dias 5 e 6 de fevereiro, foi promovido um Workshop sobre agroecologia, soberania e segurança alimentar em casa e na escola, ministrado pela educadora especializada em saúde coletiva e doutora em ciências sociais Islândia Bezerra. O evento contou com a participação de cerca de 140 pessoas, entre produtores rurais, professores, merendeiras e servidores da área da Educação, além de gestores públicos do município e apoiadores.

A tônica do evento foi a interação e a troca de saberes entre os participantes sobre alimentação, saúde e educação alimentar e nutricional. As discussões seguiram na perspectiva de compreender como a alimentação, prática social e biológica comum a todos os indivíduos, reflete em questões da sociedade em seu conjunto, demarcando espaço nas decisões e no comportamento e, por isso, tornando a comida um poder e o comer um ato político. A agroecologia foi apresentada enquanto projeto político que propõe um caminho de ressignificação do ato de se alimentar e de alimentar os demais, considerando-se a concepção do que vem a ser direito humano à alimentação adequada e comida de verdade, esclarece Advane Moreira.

A facilitadora do Workshop, Islândia Bezerra, destacou que agroecologia não é assunto exclusivo de agrônomo e que é prática que nos leva a aprender para transformar, "a agroecologia nos desperta a pensar sobre aquilo que a gente está comendo, sobre aquilo a que a gente está dedicando o nosso tempo. A agroecologia nos ensina a ter esse olhar! Especialmente se esta prática do ensinar, do debater, do discutir for baseada em uma educação transformadora. Se a educação transforma, a gente aprende a aprender".

A professora Marli da Silva, da Creche Municipal Professor Stélio Mendes Barroca, saiu convicta de que o melhor ponto de partida é a escola: "a gente tem que começar bem cedo com os meninos, né gente!? Plantar a sementinha. Porque eu acho que os meninos acham que o feijão vem da latinha, o leite vem da caixinha, tem muita criança que não sabe que o leite vem da vaca, que o feijão a gente tem que plantar, tem que cuidar, tem que colher (...) Eu acho que se a gente quer realmente, vai ser um progresso a longo prazo. Mas uma coisa garantida é investir mesmo nessas crianças, tanto em casa, e começando desde novinho lá na creche, na escola, para conscientizar mesmo sobre essa importância. Deixá-los colocar a mão na massa, na terra, o que eles acham muito importante, muito interessante".

Galeria de fotos: clique aqui

Cartaz do mutirão: clique aqui

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