Projeto Florestando: conhecer, produzir e comercializar alimentos agroecológicos
Incentivo à produção local ganha força na cidade de Florestal (MG)
Oficinas, mutirões, diagnósticos e planos de ação. Essas são algumas das iniciativas do Projeto Florestando que já estão em curso na cidade de Florestal, região metropolitana de Belo Horizonte, com três objetivos centrais: capacitar produtores locais para expandir a produção agroecológica, ampliar a comercialização desses produtos, conscientizar a população local sobre as implicações dos diversos modelos de prática agrícola sobre o meio ambiente e a saúde.
O Projeto está sendo desenvolvido desde o final de 2018 em quatro eixos: educação, saúde, produção e comercialização. "No Florestando, todas as ações estão interconectadas. No eixo educação, busca-se ampliar a consciência da comunidade escolar acerca da importância da alimentação saudável, que é aquela baseada em alimentos vegetais in natura ou minimamente processados, conforme preconizado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira. Busca-se também expandir o conhecimento da comunidade escolar sobre a importância, para o meio ambiente e para a saúde humana, de que esses alimentos vegetais provenham de práticas agrícolas sustentáveis. Finalmente, busca-se chamar a atenção para o papel do consumidor na definição do modelo de desenvolvimento predominante, uma vez que, a cada compra, estamos reforçamento a cadeia produtiva que está por trás daquele produto. Estabelecidas tais premissas, resulta natural buscar melhorar o cardápio da alimentação escolar e também dos lares, mediante justamente o acréscimo de produtos provenientes da produção agroecológica. Dessa forma, amplia-se o mercado para os produtores familiares agroecológicos locais, que vendem então no chamado circuito curto, no qual consumidores e produtores se relacionam diretamente, com melhor remuneração do trabalho para estes e preços mais acessíveis para aqueles. Enfim, aumentam a produção e o comércio, como almejado nos eixos de produção e de comércio. Ao mesmo tempo, fomenta-se a economia local de modo sustentável, com baixos níveis de emissões de gás carbônico, com regeneração do meio ambiente pelas práticas agroecológicas e com preservação da saúde trabalhador do campo e do consumidor, como se almeja no eixo saúde", explica a coordenadora do projeto, procuradora do Trabalho Advane Moreira. Confira o álbum de fotos do eixo educação do projeto Florestando acessando o link.
Quanto aos eixos de Produção e Comercialização, Fernanda Dias , gestora de comercialização da Aflora, ressalta que "o projeto enfrenta o grande gargalo da agricultura familiar hoje, que é dar conta do fluxo desde a produção até a venda, por meio de intercâmbios, mutirões, assistência técnica, cursos e assessorias especializadas". Além disso, a fim de possibilitar a adequada organização dos produtos para distribuição e também para sediar o movimento agroecológico em Florestal, está sendo iniciada a construção de um entreposto em terreno cedido pela Prefeitura e com recursos do Projeto.
No eixo educação, "após um relativamente breve trabalho de sensibilização dos profissionais do ensino municipal, professores, servidores administrativos e cantineiras, o Projeto passou a apoiar iniciativas das unidades de ensino locais que objetivem propiciar conhecimentos teóricos e experiências práticas sobre a agroecologia e alimentação saudável à comunidade escolar", enfatiza Advane Moreira.
Os resultados já podem ser vistos, por exemplo, na rotina da creche municipal onde, após várias atividades lúdicas ligadas ao tema alimentação, as crianças começaram a comer produtos da horta que plantaram junto com os pais . "O Projeto é importante porque traz os pais juntos para aprender e praticar também em casa, o que ajuda na mudança de maus hábitos", enfatiza a diretora da creche, Maria Telma. Já a pedagoga Simone Naime ressalta que "é importante o apoio da família e do Projeto nesse trabalho de sementinha", afinal "a base da alimentação escolar das nossas crianças é a creche".
A nutricionista da rede de educação municipal de Florestal, Ana Paula Couto, enfatiza que "o movimento deve contemplar os três níveis educacionais, creche, pré-escola e ensino fundamental, para tirar o máximo de industrializados da merenda escolar". Com o objetivo de ampliar a inclusão de produtos da agricultura familiar agroecológica local na alimentação escolar, estão sendo realizados diversos encontros com os pais, professoras, cozinheiras, profissionais da administração da rede municipal de ensino e nutricionistas. A questão também vem sendo abordada nas reuniões do Conselho Municipal de Alimentação Escolar (CAE).
Confira a agenda de atividades do eixo educação para o mês de agosto:
Programação no Pré-Escolar Municipal Professora Dilene Rodrigues Vieira da Costa Passos:
14/08 - 14 horas - Oficina de implantação da horta e de plantação de brotos de trigo, com pais e alunos do turno da tarde.
15/08 - 9 horas - Oficina de implantação da horta e de plantação de brotos de trigo, com pais e alunos do turno da manhã.
23/08 - 13 horas - Oficina com as cozinheiras da pré-escola, com preparação de pequeno cardápio saudável para a festa do dia 24.
24/08 - 9 horas - Festa do Sítio do Pica Pau Amarelo, para a qual o Projeto oferecerá degustação do cardápio saudável e explicação sobre o modo de fazer e propriedades, além de mudas de plantas medicinais para sorteio
Programação da Escola Municipal Dercy Alves Ribeiro: visitas de 400 alunos do 2º ao 5º ano do ensino fundamental a propriedades agroecológicas:
Data Propriedade Grupo de alunos visitantes
12/08 do Lucas 3º ano
13/08 do Cláudio 2º ano
14/08 do Joelson 4º ano
15/08 3 Irmãos 5º ano
Reuniões de pais de alunos
Dias 14 e 15 de agosto – 17 horas, com participação da Nutricionista contratada pelo Florestando.
No mês de julho, durante as atividades da 50ª Semana do Produtor Rural realizadas pela Universidade Federal de Viçosa – Campus Florestal, o Florestando apoiou a realização do quinto banquete agroecológico do Balaio de Saberes. Foi oferecida gratuitamente aos frequentadores das festividades uma grande variedade e quantidade de preparações inspiradas nas culturas indígena e africana, totalmente elaboradas com produtos da agricultura familiar agroecológica local, tudo simbolizando a abundância e a irmandade que inspira o movimento agroecológico.
Finalmente, "é importante sublinhar que todas as atividades do projeto são realizadas com estreita colaboração de todos os parceiros e ainda com voluntários da comunidade", ressalta Advane Moreira.
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