Histórias de superação e recordes para os VelociRápidos na 15ª Meia Maratona Internacional de BH
O grupo de jovens corredores de rua se superou nesse último domingo (30) com participantes nas três modalidades: 5km, 10 km e 21km
Belo Horizonte (MG) – O Projeto VelociRápidos surgiu com o objetivo de incentivar a prática esportiva e apresentar a corrida como meio de transformação para jovens em situação de vulnerabilidade social. Porém, a iniciativa se expandiu de tal forma que hoje, possui um valor afetivo imensurável para quem participa dele e uma causa para os profissionais que atuam no projeto.
Na manhã do último domingo, 30/6, 14 participantes disputaram a 15ª Meia Maratona Internacional de Belo Horizonte e, com alegria, celebraram os resultados com familiares, colegas de projeto e os profissionais que tornam tudo possível. O evento, que conta com apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT), divulgou a campanha #ChegadeTrabalhoInfantil pelo quarto ao consecutivo.
A procuradora do Trabalho e responsável pela parceria do MPT com a Meia Maratona Internacional de BH, Luciana Marques Coutinho, explicou porque está profundamente comprometida com essa causa: "é muito importante a gente trazer a campanha do trabalho infantil, o material do trabalho infantil e a nossa hashtag para locais como esse, para acessar públicos que normalmente as campanhas não conseguem acessar. Então é um momento de interagir com o público e divulgar a nossa hashtag".
Trabalho protegido, educação, lazer, esporte é o que os nossos jovens precisam para se preparar bem para a idade adulta, comentou a coordenadora do Fórum de Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção do Adolescente, Elvira Cosendey. Ela explicou as proibições legais para cada faixa etária: "O trabalho infantil é proibido no país para jovens com menos de 16 anos. E para os jovens com menos de 18 anos nas piores formas de trabalho infantil, que inclui também os jovens da aprendizagem entre 14 e 18 anos".
A procuradora Luciana Coutinho destacou a essência do grupo de corrida: "os VelociRápidos são um grupo de adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, especialmente, egressos do socioeducativo, do acolhimento institucional, aprendizes, vítimas resgatadas da situação de trabalho infantil que estão, por meio desse projeto, recebendo uma assessoria esportiva que inclui preparação física, nutricional, psicológica, além de outras entregas para poder incentivar que esse grupo a praticar a corrida de rua."
O projeto já coleciona suas memórias
Não faltam histórias que enchem o coração de alegria e a turma de ânimo, nos contou o treinador Thales: "um dos adolescentes tem uma história bem legal. Ele sempre se mostrou querendo estudar, então a gente conseguiu para ele uma bolsa de estudo na faculdade da PUC. Hoje, ele está cursando Direito e já deve estar perto de se formar, já deve estar no quinto, sexto período. Ajudar a proporcionar uma nova perspectiva de vida e ter uma oportunidade de alcançar um resultado diferente no final. Essa história resume bem o objetivo do projeto".
"VelociRápidos, que prazer participar dessa edição, desse projeto, conhecer todos vocês, todos que me ajudam, me incentivam, desde o meu primeiro dia que eu não conseguia correr 400 metros e hoje já faço 5 quilômetros sem parar. Para mim VelociRápidos é uma superação, é uma oportunidade de crescimento, de estar com pessoas incríveis, pessoas de bem, pessoas que sempre te jogam para cima", resumiu a Adriana Aparecida, de 21 anos, aprendiz da Fundação CDL, na função de auxiliar administrativa.
Já Wanessa Gabrielle, de 18 anos, contou como o esporte faz diferença na sua vida: "O esporte é tudo! Eu amo correr, porque faz com que me sinta livre!". Aprendiz da rede cidadã e estudando para entrar no Corpo de Bombeiros, Wanessa explica o que a atraiu para participar da iniciativa: "O grupo VelociRápidos representa saúde, coisas boas, se enturmar mais, faz com que se sinta abraçada nesse meio da corrida". Ela ainda comentou que já participou de cinco corridas com o grupo na modalidade 5 km e planeja manter a rotina de treinos para conseguir participar de corridas de 10 km.
Gustavo Alves Ferreira, de 20 anos, formado em segurança do trabalho e participante do VelociRápidos desde a primeira edição em 2021, falou sobre como o esporte impacta positivamente na sua vida: "O esporte é uma forma de manter a minha saúde física e mental, de manter a minha relação interpessoal. E, para mim, é uma coisa muito importante, não só na minha vida, mas eu acho que na vida de qualquer um. O esporte faz uma grande diferença". Gustavo foi um dos VelociRápidos que correu todo o trajeto de 21 km e sobre a sua expectativa antes da prova, ele disse: "Tô feliz, tô bem. Espero fazer uma boa prova".
"Meu pai sempre correu, então sempre tive vontade de correr e quando conheci o projeto uni o útil ao agradável", declarou Daniel Aparecido, de 17 anos, que entrou no projeto esse ano, mas já participou de duas corridas e continua se aprimorando com novas técnicas. "O projeto VelociRápidos para mim foi muito bom porque aprendi métodos de corrida, pude realizar meu sonho de correr, sei que correr é saúde e é tudo de bom na vida!". Daniel faz parte da Associação Profissionalizante do Menor (ASSPROM) e trabalha na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Festejado pelos colegas depois da linha de chegada, surpreendido pelo bom resultado, Gustavo Machado de Assis, 17 anos, contou um pouco sobre sua dedicação para conseguir realizar a prova: "Olha gente, esse resultado me surpreendeu muito mesmo, porque é a minha primeira vez correndo 21 quilômetros, então é uma coisa que lutei para conquistar. Comecei nos meus 5 quilômetros, depois passei para os meus 10 e agora fazendo a minha primeira meia maratona, em 1 hora e 40 minutos, então é uma coisa incrível para mim, muito bom". "Muito obrigado e nunca desista, galera! Continuem sempre, persistência, que você vai conseguir tudo que você quer um dia". Gustavo é aprendiz no setor de Recursos Humanos na empresa Vacinar.
"A minha vida foi transformada por esse projeto", afirma o jovem Gerard Figueiredo, que tomou gosto pela corrida após conhecer o VelociRápidos em 2022, e tirou proveito dos treinamentos para melhorar sua aptidão física, algo que foi decisivo para sua continuidade na carreira profissional que escolheu. "A prática de correr, de praticar esse esporte é algo inexplicável, que não dá para falar só com palavras. Somente correndo mesmo ali na rua que a gente expressa realmente o que é", disse Gerard que conseguiu bater um recorde pessoal no tempo nos 10 km, passou de 1 hora e 20 minutos em fevereiro para 59 minutos nesse último domingo.
O programa no olhar dos profissionais que atuam
O trabalho realizado por profissionais da área da saúde é o que permite aos jovens realizar a prática esportiva com segurança e responsabilidade, já que eles recebem acompanhamento semanal com preparadores físicos, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos.
Um dos educadores físicos responsáveis pelo treinamento dos jovens, Thales Oliveira, se emocionou ao descrever a experiência: estou há 4 anos no projeto, junto com o Thiago Araújo, e posso dizer que "o VelociRápidos, para mim, representa muito mais do que um trabalho. A gente cria laços, a gente se encontra às vezes em outras situações, é uma oportunidade de eu poder ser uma pessoa melhor também".
Thales acompanhou com muito entusiasmo a chegada dos corredores com quem dividiu ensinamentos e experiências ao longo do ano, ressaltando a importância da rotina de treinos para o bom resultado apresentado: "diariamente, a gente conversa e monta planilhas para eles de modo semanal. Eles têm todo um cronograma de atividades, sendo de 3 a 4 treinos por semana. E, de 15 em 15 dias, a gente consegue estar com eles de forma presencial".
Para a equipe do projeto, não há dúvida, inclusão da prática esportiva constante na vida dos jovens contribui para uma mudança benéfica dos hábitos, contribuindo para a promoção de uma vida melhor no futuro, com mais saúde e qualidade de vida. Essa é uma máxima muito difundida no cotidiano dos participantes, que mudam seu estilo de vida não só por isso, mas também para desenvolver uma mentalidade vencedora, que desafia os obstáculos tanto do esporte quanto da vida real.
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