Livros reúnem achados da pesquisa que fez um RX de adoecimentos na profissão de motorista em BH

Os efeitos da ausência de cobradores e as recomendações técnicas para a melhoria das condições do serviço estão relatados em dois livros lançados pela Fundacentro

Belo Horizonte (MG) - O exercício da dupla função motorista/cobrador, juntamente com outras causas de adoecimento e recomendações técnicas para melhorar as condições de trabalho da categoria profissional estão destacadas, por pesquisadores da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – Fundacentro, em dois livros que acabaram de ser lançados.

O conteúdo apresenta os resultados de uma pesquisa feita em parceria pela Fundacentro e a UFMG. Solicitada e custeada pelo Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais (MPT-MG), a pesquisa aborda a problemática do acúmulo de funções a que estão submetidos os motoristas de ônibus da região metropolitana de Belo Horizonte e de que forma a ausência do cobrador impacta o cotidiano desses profissionais. A equipe de autores é formada por Francisco de Paula Antunes, Eugênio Paceli, Marcelle La Guardia, Samira Lagem e Adson Eduardo Resende.

O primeiro livro, com título "Apertem os cintos, o copiloto sumiu: o impacto da dupla função na segurança e saúde do motorista de ônibus e na qualidade dos serviços do transporte coletivo urbano e metropolitano de Belo Horizonte" é dedicado para a exposição dos métodos de pesquisa e seus resultados. Já o segundo, chamado "Recomendações técnicas para melhoria dos serviços e das condições de trabalho dos motoristas do transporte coletivo urbano metropolitano de Belo Horizonte" busca aproveitar todo o estudo construído na pesquisa para recomendar soluções para os problemas descobertos.

Entre esses problemas expostos, estão: desgaste físico e psíquico, risco de acidente, conflitos no trânsito e com os próprios passageiros e a queda na qualidade do serviço oferecido de forma geral. Uma das reclamações mais citadas pelos motoristas entrevistados é o medo ao operar o elevador que auxilia a entrada e saída de cadeirantes, pois para isso, eles têm que sair do veículo, abrindo margem para o furto de seus pertences ou do caixa do ônibus que fica sob sua responsabilidade.

O medo e pressão sobre os motoristas é constante por conta da falta de ajuda para lidar com situações como o "cerol", que é quando um passageiro pula a catraca sem pagar pela passagem. Vários motoristas também já relataram que, quando o ônibus está cheio, não é possível enxergar, apenas com auxílio do retrovisor e espelhos, se todos os passageiros já desceram do veículo,

podendo levar a acidentes graves. Como foi citado no livro, infelizmente essa situação causou a morte de um bebê em Belo Horizonte, depois que a porta do veículo se fechou sobre um dos pés da mãe que o carregava, fazendo com que derrubasse a criança de seu colo, que foi atropelada pelo próprio ônibus em que estava.

A pesquisa e o lançamento dos livros servem como bases técnicas para que seja percebida a necessidade de mudança na ergonomia e condições de trabalho desses motoristas, para que, citando um capítulo do livro, "o transporte coletivo urbano expresse o trabalho digno, preserve a saúde, segurança e a cidadania dos motoristas e passageiros".

 

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