Resgatados trabalhadores em situação análoga à de escravo e sob risco de contaminação pela Covid-19 no Sul de Minas
Pouso Alegre - Um grupo de 10 pessoas em condição análoga à de escravo foi resgatado por uma força-tarefa em uma propriedade rural, no município de Ibiraci, no Sul de Minas Gerais. Entre os resgatados, havia quatro mulheres e um adolescente, que eram mantidos em situação degradante e sob risco de contaminação pela Covid-19. A operação foi realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), auditores-fiscais do Trabalho e agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
"A estrutura do alojamento era precária e compartilhada entre todos os trabalhadores, inclusive os casais. As instalações elétricas eram improvisadas, expondo os trabalhadores e risco de choque elétrico. Não havia coleta de lixo ou rede de esgoto para as águas servidas do banho, lavabo, cozinha e área de serviço, havendo esgoto empoçado em torno da casa oriunda desses locais", relataram os integrantes da força-tarefa sobre a casa onde os trabalhadores ficavam alojados.
Além disso, a água fornecida pelo proprietário da fazenda aos resgatados era armazenada em uma caixa d'água destampada, sem qualquer tratamento ou processo de filtragem antes do consumo. Outro detalhe que chamou a atenção da força tarefa foi o local utilizado pelos trabalhadores para o preparo dos alimentos. "Não havia armários para guarda dos mantimentos, que ficavam espalhados pela casa. Um dos casais que habitava o alojamento preparava as refeições em um fogareiro no próprio quarto, ficando evidente o risco de incêndio, ou mesmo de intoxicação em eventual vazamento de gás enquanto dormiam".
Entre outras violações constatadas durante a ação fiscal, estão a ausência de vínculo trabalhista formal, não fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs) e de banheiros e locais para refeição nas frentes de trabalho. "Analisando todos os aspectos em conjunto, chegou-se à conclusão no sentido de que havia uma clara violação à dignidade daqueles trabalhadores, configurando-se, assim, o trabalho em condição análoga a de escravo", observa o procurador.
Todos os trabalhadores foram retirados da fazenda e encaminhados pelo fazendeiro para um hotel. Eles receberam ainda verbas salariais e rescisórias que totalizaram cerca de R$ 45 mil e as guias de Seguro-Desemprego.
Leia também:
- No Sul de Minas, produtor de café terá que adotar medidas de prevenção da Covid-19 e coibir trabalho escravo
- Liminar obtida pelo MPT coíbe trabalho análogo ao de escravo em fazenda de feijão no Norte de Minas
Esta matéria tem cunho informativo. Permitida a reprodução mediante citação da fonte.
Assessoria de Comunicação Social
Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais
Tel. (31) 3304-6291
prt03.ascom@mpt.mp.br
Twitter: @MPT-MG