Relatório aponta falhas que contribuíram para rompimento da barragem da Vale S.A em Brumadinho

Falhas em planos de emergência, gestão de segurança e saúde no trabalho precária, distorções no cálculo de segurança e operação irregular (lançamento de rejeitos e largura de praia). Esses são alguns dos noves fatores que contribuíram para o rompimento da Barragem I da Mina Córrego do Feijão, da Vale S.A, em Brumadinho, segundo aponta o relatório final da Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais (SRT-MG). O documento foi divulgado na quarta-feira (25/8), durante uma coletiva convocada que reuniu auditores fiscais do Trabalho e representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) e da Advocacia Geral da União (AGU).

Elaborado por uma equipe de dez auditores fiscais do Trabalho, o relatório aponta que os problemas na barragem B1 começaram ainda na fase de execução da estrutura, em 1976, quando foi verificada a ausência de drenagem no dique inicial. À época, a barragem pertencia à mineradora Ferteco.

Os auditores apresentaram, entre outros dados, o resultado da ação fiscal, realizada após a tragédia, que culminou na lavratura de 21 autos de infração em decorrência de irregularidades encontradas. A Superintendência Regional do Trabalho considera que "acidentes ampliados não possuem uma causa única, mas resultam de uma combinação de fatores acumulados ao longo do tempo que levam a sua ocorrência".

Após a análise de diversos documentos - relatórios, auditorias, projetos e depoimentos prestados às autoridades, a SRT concluiu que "ao menos em relação aos mais de 600 trabalhadores da mina, desde o momento que a empresa teve ciência do nível alarmante de fragilidade da Barragem B1, por meio dos vários estudos aos quais seu corpo técnico e diretivo teve acesso, a Vale deveria ter acionado seu plano de emergência, suspendido as atividades nos locais passíveis de serem atingidos no caso de rompimento da barragem e providenciado a imediata retirada dos trabalhadores"

A procuradora do Trabalho Sônia Toledo Gonçalves, que esteve presente na coletiva da SRT representando o MPT, elogiou o trabalho de investigação dos auditores ao longo dos últimos meses e o resultado apresentado à sociedade. A procuradora enfatizou que documentos como o produzido pela SRT-MG podem colaborar para a responsabilização da empresa e dos seus dirigentes no âmbito do Poder Judiciário, por este grave acidente de trabalho. "Não podemos deixar que acidentes como este se repitam em nosso país", alertou.

Leia também:

- Do desastre ao acordo entre o MPT e a Vale S/A - confira o hotsite com a reportagem que traz um balanço dos 170 dias de atuação do MPT

Siga-nos no Twitter @MPTMG e saiba mais sobre a atuação do MPT

Imprimir