MPT fomenta contratação de aprendizes com doenças falciformes em Minas Gerais

Segundo estimativa de associação, 337 jovens esperam por uma oportunidade na Região Metropolitana de BH

A inserção de aprendizes diagnosticados com doenças falciformes no mercado de trabalho foi debatida em uma audiência na manhã da quinta-feira (19/12), na sede o Ministério Público do Trabalho (MPT), em Belo Horizonte. Procuradores que atuam na promoção da aprendizagem profissional apresentaram a representantes de quatro grupos empresariais do segmento varejista a proposta de reserva de vagas de aprendizagem profissional para pessoas nessas condições, com idades entre 14 e 23 anos.

"Nosso objetivo foi sensibilizar os empregadores, levando a eles o conhecimento sobre a situação dos pacientes falciformes, de modo que possam se sensibilizar com a realidade que enfrentam e contribuir para que obtenham uma colocação no mercado de trabalho", explica o procurador do Trabalho Rodney de Souza, que convocou a audiência. "Nós temos uma realidade desconhecida de muitos brasileiros vivenciada pelos doentes falciformes. Uma doença grave que acarreta muitas consequências e provoca lesões ao organismo. São pessoas que, em sua maioria, pertence à etnia negra e que estão em vulnerabilidade social", ressaltou o procurador do MPT.

Segundo Rodney de Souza, as empresas convocadas para a audiência se dispuseram a discutir internamente entre gestores a possibilidade de contratação de aprendizes e o assunto será novamente tratado audiências com o MPT, agendadas para 17 de fevereiro de 2020. "Nós temos esperança de que vamos ter um retorno positivo dessas empresas e conseguir melhorar a realidade de pacientes falciformes", afirmou.

Segundo dados da Associação de Pessoas com Doença Falciforme e Talassemia de Minas Gerais (Dreminas), 337 jovens entre 14 e 23 anos esperam por uma oportunidade em programas de aprendizagem profissional na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em Minas Gerais, esse número triplica e chega a 998. A presidente da entidade, Maria Zenó Soares da Silva, avaliou a audiência com um "importante instrumento que busca assegurar direitos das pessoas com doenças falciformes que podem ser inseridas no mercado de trabalho" e colocou a listagem de interessados à "disposição das empresas".

A audiência contou a participação de pacientes falciformes que relataram as dificuldades enfrentadas no mercado de trabalho. "É bem difícil a inclusão e o entendimento das empresas sobre a nossa situação ainda não é o ideal. Tem muitos jovens que querem trabalhar, mas nunca conseguem", relatou a estudante Lorena Nayara Santos Souza, de 19 anos. A jovem contou que teve a primeira experiência no mercado aos 15 anos, quando entrou para um programa de aprendizagem da Empresa de transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), o que a ajudou a ser contratada posteriormente pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Além das presenças de representantes das empresas Pernambucanas, Riachuelo e Leader, estiveram presentes a presidente da Dreminas, pacientes e as auditoras fiscais do Trabalho Christiane Azevedo Barros e Patrícia Siqueira Silva.

Número do procedimento: 00129.2018.03.004

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