Assédio moral em bancos foi tema de ato público promovido pelo MPT
terça-feira, 19 novembro 2013,12:44
Bancários, representantes da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários (MG, GO, TO e DF), sindicatos e empresários da categoria se reuniram, na última quarta-feira, 13, para debater o assédio moral no setor bancário, em um ato público promovido pelo Ministério Público do Trabalho. O encontro reuniu 86 pessoas e abordou as causas, os elementos caracterizadores e as possíveis formas de prevenção da prática discriminatória.
Para a organizadora do evento, a procuradora do Trabalho Silvia Domingues, a estrutura hierarquizada; a burocracia excessiva; a cobrança por produtividade; o condicional de meta para progressão na carreira e o ambiente inseguro; em função da vulnerabilidade para assaltos e outros tipos de violência, são alguns aspectos que levam a uma conjuntura propícia para o assédio moral. “Muitas vezes é difícil identificar o assediador, pois as ações fazem parte de uma conduta organizacional. O MPT, neste sentido, visa prevenir a prática, por meio da interlocução com os atores sociais, como é o caso do ato público, e também coibir as ações discriminatórias, com termos de ajustamento de conduta e ajuizamento de ações civis públicas”, destacou a procuradora.
Definido como qualquer conduta repetitiva abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude), contra a integridade física ou psíquica de uma pessoa, o assédio moral pode ameaçar o clima de trabalho, e até mesmo intervir no rendimento das atividades. “Assédio é um abuso e, muitas vezes, sorrateiro. Ele pode ocorrer sem a gente perceber”, enfatizou a juíza do Trabalho, Martha Halfeld. Segundo ela, um ato com efeitos duradouros, como é o caso de uma transferência de setor, com o intuito de prejudicar o empregado, também pode ser considerado assédio moral.
A prática também é apontada como causa de afastamentos por doença do trabalho, onerando o sistema de saúde, que só em 2011 contabilizou R$ 70 bilhões em gastos com doenças e aposentadorias em função do trabalho. “A agressão psicológica é intensa, mesmo que seja sutil e o sofrimento repetido deixa marcas em cada um de nós. Deixam marcas que o tempo não apaga”, ressaltou a médica do Trabalho Margarida Barreto, ao abordar os impactos negativos dos aspectos psicológicos.
O diálogo contínuo entre empregadores e empregados, a criação de ouvidorias internas nas empresas e o desenvolvimento de um sistema de metas que levem em consideração diversos fatores, como a conjuntura econômica, por exemplo, foram apontados como alguns meios para a prevenção do assédio moral no setor bancário.