Audiência na Sede discute segurança de rodoviários

Em audiência convocada pela procuradora do Trabalho Elaine Nassif, se reuniram, nesta segunda-feira, representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários de Contagem e Esmeraldas (Sittracon) e do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes de Valores de Minas Gerais (SINTTRAV-MG) para tratar da segurança de trabalhadores dos transportes coletivo e de valores (carros-fortes). Na ocasião, foram colhidos relatos de trabalhadores sobre casos de assaltos e violência contra motoristas e trocadores.

Segundo o diretor do Sittracon, João Augusto Soares, as empresas Turilessa, Transimão, Transmoreira, Novo Retiro e Turma são as viações que sofrem mais insegurança. Em 2013 ocorreram duas mortes durante assalto em linhas da Turilessa, que atua no bairro Jardim Riacho, região do Carrefour Contagem. A Transmoreira, nas linhas 1730 e 1740, que fazem o trajeto Vila Pinho/Estação Diamante, teve dois trabalhadores que sofreram violência a partir de assaltos, foram socorridos e morreram no hospital. As viações Novo Retiro e Turma registraram, juntas, três mortes ano passado.

João Augusto também denunciou o repasse de prejuízos com assaltos aos trabalhadores. "O trocador pode ter em mãos, no máximo, R$ 45 para troco, o resto deve ser depositado no cofre presente dentro do ônibus. Acontece que ficar com apenas este valor em caixa é perigoso para o trocador, que pode ser ferido ou mesmo morto por ter pouco ou nenhum dinheiro em mãos. Também é um abuso, pois, muitas vezes, a empresa não cobre nem mesmo os R$ 45, exigindo o ressarcimento de todo o dinheiro roubado."

Sobre o transporte de cargas, os trabalhadores relataram que existem muitos assaltos na região metropolitana. "Os assaltantes rendem o caminhão e deixam motorista e ajudante amarrados em algum matagal na saída da cidade. Como os caminhões possuem GPS, acontece de encontrarem primeiro o veículo, enquanto os dois funcionários passam até dois dias desaparecidos", descreveu Emanoel da Silva Sady, presidente do Sinttrav.

Os veículos que fazem transporte de valores, para abastecer caixa-eletrônicos, por exemplo, são alvo de criminosos e quadrilhas com atuação sofisticada, de acordo com os trabalhadores. Eles reclamaram também que para abastecer os chamados TAA's – Terminais de Autoatendimento Bancário, têm sido utilizados carros não blindados, além de que, no momento do abastecimento ou manutenção dos terminais, quando há abertura do cofre, não há isolamento da área entorno, sendo funcionários e população expostos ao perigo de roubos a mão armada.

Esta é a terceira audiência de uma série em que já participaram órgãos públicos como a BHTrans, o Departamento de Estradas e Rodagem (DER) e polícias Militar e Rodoviária Federal. De acordo com a procuradora Elaine Nassif, a ação partiu de um inquérito civil instaurado em face da Viação Transmoreira, após denúncia de ambiente de trabalho inseguro, devido ao elevado número de assaltos e a falta de posicionamento mediante casos de agressões físicas contra os empregados. "O objetivo não é investigar de quem é a culpa para a falta de segurança, mas pensar em algo que pode ser feito para melhorar a situação dessas vítimas".

Não foi agendada nova audiência. O procurador do Trabalho Antonio Carlos Pereira foi convidado a comparecer na audiência para informar sobre uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais a respeito das condições de saúde e trabalho dos motoristas e cobradores do transporte coletivo urbano. Ele informou também que está previsto para o dia 10 de junho um seminário aqui na sede do MPT para apresentação dos resultados da pesquisa.

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