Audiência pública debate inclusão produtiva por meio da reciclagem

Evento ocorreu nesta quinta-feira (5), na Procuradoria-Geral do Trabalho

Brasília – A inclusão socioprodutiva de catadoras e dos catadores de materiais recicláveis foi tema de audiência pública realizada na quinta-feira (5.9), na Procuradoria-Geral do Trabalho (PGT), em Brasília. O evento teve a participação de representantes das organizações de catadoras e catadores de materiais recicláveis, de entidades empresariais, da sociedade civil, de entidades sindicais, de órgãos governamentais e de organizações não governamentais.

Foto: Ubirajara Machado/ Secom MPT
Foto: Ubirajara Machado/ Secom MPT
A audiência pública teve como mediadora a subprocuradora-geral do Trabalho Ileana Neiva Mousinho, que destacou a importância do apoio de municípios às cooperativas de reciclagem. "Os catadores precisam saber as vantagens do verdadeiro cooperativismo, de como eles podem se fortalecer por meio do cooperativismo, não de um cooperativismo fraudulento ou que não recebe subsídios", disse.

Segundo o procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira, os municípios têm importante papel na organização dessa cadeia da reciclagem, assim como as empresas, que devem verificar a sua cadeia de suprimentos para que não haja aquisição de produtos reciclados que tenham associação com trabalho infantil ou trabalho escravo. "Sabemos que é dever dos municípios fechar os lixões, mas esse encerramento deverá ser realizado com o cuidado de não deixar os catadores e as catadoras sem trabalho e sustento", destacou.

Durante a mesa de abertura, a coordenadora nacional da Conap, Séfora Char, falou sobre a relevância da atuação articulada do MPT com outras instituições e lembrou dos acordos de cooperação técnica firmados pelo MPT com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e com o Instituto Rui Barbosa (IRB). A representante também contou sobre sua experiência em cooperativas. "Ao visitar as cooperativas, eu vi como as pessoas sabem o que querem, sabem aonde querem chegar e conhecem o seu ofício", disse.

O corregedor nacional do Ministério Público, Ângelo Fabiano Farias da Costa, alertou sobre casos de trabalho infantil e trabalho escravo nessa atividade e reforçou a necessidade de implementar políticas públicas voltadas ao setor. "A responsabilidade social deve ser cada ver mais buscada por aqueles que exploram essa atividade econômica, que é fundamental para o desenvolvimento socioambiental do país e do mundo", destacou.

A presidente da Associação Nacional dos Procuradores e das Procuradoras do Trabalho (ANPT), Adriana Augusta de Moura Souza, enfatizou a relevância da audiência pública, pois trata de temas transversais como meio ambiente, trabalho decente, Justiça e responsabilidade social, cadeias produtivas, trabalho escravo e trabalho infantil. "Nós temos que ter o diálogo social. A sociedade precisa trazer ao MPT todas as suas demandas, todos os seus desejos, todas as suas vontades e suas preocupações. Precisamos ouvir os empresários, os catadores e outros trabalhadores dessa cadeia", afirmou.

Foto: Ubirajara Machado/ Secom MPT
Foto: Ubirajara Machado/ Secom MPT

O ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Alberto Bastos Balazeiro disse que as instituições devem dar o exemplo à sociedade e remunerar catadoras e catadores pela coleta de materiais reutilizáveis e recicláveis produzidos pelas instituições. O ministro do TST afirmou que um grupo de trabalho elaborou proposta de recomendação para que todos os tribunais da Justiça do Trabalho contratem e remunerem esses trabalhadores. "Ao remunerar os catadores e catadoras na própria Justiça do Trabalho, a Justiça do Trabalho passa a dar exemplo e pode cobrar que os outros entes sigam essa prática".

Também participaram da mesa de abertura a subprocuradora-geral do Trabalho Sandra Lia Simón, o secretário-executivo adjunto da Secretaria-Geral da Presidência da República, Flávio Camargo Schuch, o vice-presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal, André Clemente Lara de Oliveira, o coordenador-geral de Vigilância em Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Luís Henrique da Costa Leão e o consultor especialista em Direito do Trabalho no Conselho Nacional dos Municípios Roberto Siegmann.

Mesa técnica – A audiência pública também contou com outra mesa de discussão sobre diversos assuntos ligados ao tema, entre eles a logística reversa, que é um conjunto de medidas que envolvem a coleta, o transporte e o destino dos materiais descartados. O coordenador do Movimento Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis, Ronei Alves da Silva, afirmou que mesmo que a logística reversa presente no país não seja perfeita, algumas empresas tentam aplicá-la. O representante alertou, ainda, que a grande maioria ainda não adotou essa prática. "A gente precisa lutar para que a logística reversa seja obrigatória para todas as empresas desse país. Se todas as empresas desse país tivessem essa prática, eu garanto que as coisas poderiam estar bem melhores", afirmou.

O diretor-executivo da agência Papel Social, Marques Casara, apresentou o livro e o documentário "Humanidade Descartável", realizado em parceria com o MPT e o Instituto Lixo e Cidadania (ILIX). O trabalho mostra as condições de trabalho de catadoras e catadores e a exploração do trabalho escravo pelas grandes corporações na cadeia produtiva da reciclagem. Realizado em 18 meses, o trabalho revela que muitos catadores recebem renda inferior a R$ 400 e que a maioria dos catadores não é remunerada por suas atividades ou pelos serviços prestados aos municípios.

A mesa técnica também contou com o representante do Ministério do Meio Ambiente Adalberto Maluf, a gerente de Sustentabilidade e Resiliência da CNM Cláudia Lins Lima, o promotor de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) Roberto Carlos Batista e o secretário-executivo do Consórcio Brasil Central José Eduardo Pereira.

O evento teve, ainda, a presença da vice-coordenadora da Conap, Marici Coelho de Barros Pereira, e da coordenadoria nacional de Combate ao Trabalho Infantil e de Promoção e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes (Coordinfância), Luísa Carvalho Rodrigues.

Assista à audiência, clique aqui!

 

Fonte: PGT.

 

 

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