MPT quer identificar trabalhadores vítimas de amianto em Minas Gerais

Até 27 de setembro trabalhadores expostos ao amianto podem fazer exames gratuito de tomografia computadorizada em Minas

Uma cooperação técnica entre o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Hospital de Câncer de Barretos e a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA) vai possibilitar o rastreamento de doenças relacionadas ao amianto, em pessoas que foram expostas à poeira da fibra no meio ambiente trabalho da empresa Precon Industrial S/A, localizada em Pedro Leopoldo. Também são alvos da assistência médica trabalhadores que residem em oito municípios próximos: Vespasiano, São José da Lapa, Confins, Matozinhos, Capim Branco e Ribeirão das Neves, contagem, Lagoa Santa.

Para viabilizar a realização do exame de tomografia de baixa dose nesses trabalhadores, uma unidade móvel de diagnóstico do Hospital do Câncer de Barretos ficará instalada em São José da Lapa (Rua Coronel Virgílio Machado, Centro), no período de 23 a 27 de setembro. Uma equipe de oito pesquisadores, sob a coordenação do médico pesquisador, doutor Rui Manuel Reis, estima que poderão submeter mais de 250 pessoas aos exames. "Além da disponibilização da unidade móvel de diagnostico o projeto envolve uma ampla articulação de agentes públicos vinculados ao SUS, para dar sequência ao atendimento e ao tratamento das vítimas que forem identificadas com agravos à saúde", explica o procurador do Trabalho aqui em Minas, Antonio Carlos Pereira.

Desde segunda-feira, cerca de 100 pessoas já foram examinadas. O trabalhador que teve contato com amianto e quiser se submeter à tomografia deve ligara para o número (31) 9 8962-2279 ou se dirigir à unidade móvel com a carteira de trabalho ou documento que comprove vínculo empregatício. 

O Programa Nacional de Banimento do Amianto do MPT, coordenado pela procuradora regional do Trabalho Márcia Cristina Kamei Lopez Aliaga vem atuando de forma articulada com diversas instituições com o objetivo de eliminar a utilização do amianto nos ambientes de trabalho das atividades industriais, bem como buscar o efetivo controle médico da saúde dos trabalhadores que foram expostos ao amianto, de forma nociva, por décadas.

Em razão da exposição ao amianto, constatou-se, em Minas, conforme resultado das investigações, diversos óbitos de trabalhadores e dezenas de casos de adoecimento e agravos à saúde. Estes trabalhadores estão com diagnóstico reconhecido e recebendo tratamento pelo Sistema Público de Saúde. Qualquer empregado ou ex empregado exposto ao amianto em ambiente de trabalho pode procurar a equipe de apoio da ABREA em São José da Lapa para submeter-se aos exames.

Banimento do amianto no mundo - Mais de 60 países do mundo já baniram o amianto de seus processos produtivos, a partir da década de 80, com base em centenas de pesquisas científicas que apontam nexo entre a exposição à poeira da fibra e o desenvolvimento de doenças graves como asbestose, câncer de pulmão e mesotelioma. A Organização Mundial da Saúde, no documento Critério 203, sintetiza os resultados de mais 470 estudos sobre o impacto do amianto da saúde humana que reafirmam que "toda a variedade de amianto, inclusive o crisotila, tem propriedades carcinogênicas e que não há limites seguros de exposição". Desde o final de 2018 o STF proibiu expressamente a utilização do amianto nos ambientes de trabalho em país, tendo em vista os gravíssimos malefícios à saúde que a exposição pode provocar aos trabalhadores.

Número do procedimento: 0001381.2019.03.008

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