terça-feira, 15 maio 2012,12:47
Uma fábrica de uniformes foi aberta especialmente para incluir pessoas com deficiência no mercado de trabalho
Profissionais com deficiência garantem a produção de uma fábrica de uniformes na cidade de Iguatama, a 240 km de Belo Horizonte. A fábrica foi aberta em janeiro com expectativa de produzir 50 peças por semana, mas já superou a previsão, registrando produção de 320 peças na última semana de abril.
A solução para cumprir a Lei 8.213/91, veio após a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta firmado perante o Ministério Público. Para a procuradora que investigou o caso, Elaine Nassif, a iniciativa demonstra uma mudança de mentalidade que precisa ser replicada. “Isso é exatamente o que denominamos eficácia horizontal das ações afirmativas, ou seja, o cidadão assume o papel de agente de transformação, se posiciona como co-responsável pelas soluções sociais e sai da inércia de esperar por medidas do poder público”.
Idalina, Jonatas, Genilson e outros 11 colegas, todos com deficiência, conquistaram diploma e vaga de operador de costura na fábrica de uniformes. Na história de cada um deles um talento marcante: a capacidade de superação.
Vítima de um acidente na infância, que resultou na perda de um braço e uma perna, Idalina Ferreira Silva diz nunca ter se sentido menos capacitada que qualquer outra pessoa, porém jamais teve uma oportunidade de trabalhar com carteira assinada.
“Às vezes acho que estou sonhando. Sinto que agora estou participando da comunidade, porque tenho uma profissão. Já realizei muitos sonhos com o salário que ganho e planejo estudar mais para crescer com a empresa”, planeja Idalina
Operando uma máquina de pregar botões, Jonathan Barbosa, de 21 anos, conta que ganhou vida nova: “Antes só havia trabalhado na roça. Agora ajudo no orçamento da família”.
“Cheguei a fazer várias entrevistas de emprego e o currículo às vezes agradava, mas quando a empresa sabia da deficiência não contratava”. Na fábrica de costura essa história mudou. Genilson José Silva conseguiu o emprego e comemora: “Aqui somos tratados como pessoas sem limitação. Isso faz muito bem para o ego. Mudou a forma como as pessoas nos vêm nos comercio da cidade e em todo lugar.”
Genilson e outros 13 profissionais com deficiências diversas (auditiva, motora, mental ou física) foram contratados para trabalhar em uma confecção criada especialmente para incluir pessoas com deficiência ou reabilitadas no mercado de trabalho. A iniciativa é inédita e foi adotada por uma empresa especializada em montagem e manutenção de máquinas pesadas, onde o risco 4 dificultava a contração de pessoas com deficiência para a atividade fim da empresa.
A diretora da empresa DService, Valéria Pellegrino, que investiu R$ 220 mil na criação da fábrica, e revelou a matemática do negócio: “Fizemos as contas do que gastaríamos para pagar uma multa mensal pela não contratação de pessoas com deficiência e os custos da abertura de uma fábrica para produzir os uniformes de nossos 600 empregados. A segunda opção se mostrou viável e está superando as expectativas.
Além da produção estar acima do previsto, outros aspectos estão nos surpreendendo. É especialmente gratificante ver cada um deles demonstrando seu talento e motivação, resgatando sua auto-estima, resultados que ações meramente assistenciais não alcançariam”.
Conheça melhor os personagens nesta história na matéria que o Programa Trabalho Legal vai exibir neste sábado, 19, às 22 horas. Reprises no domingo às 13h30 e na quarta às 10h30. O Trabalho Legal é exibido pela TV Justiça, canal 10 da Net.