Caminhoneiros esperam carga sem acesso a comida e sanitários

quinta-feira, 23 fevereiro 2012,12:59

MPT e MTE fiscalizaram pátio da Usina Caeté, do grupo Carlos Lyra, onde a espera por carga pode chegar a 24 horas

Uberlândia – Mais de 40 caminhões lotavam o pátio da Usina Caeté, no dia 10 de fevereiro, por volta de meio dia, quando a fiscalização do Trabalho chegou para verificar as condições às quais os motoristas estão sujeitos, enquanto aguardam o carregamento. A usina pertence ao grupo Carlos Lyra e fica em Conceição das Alagoas próximo a Uberaba, no triângulo mineiro.

Além da longa espera pela carga, que, segundo os caminhoneiros pode chegar a 24 horas, as equipes do Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho e da Polícia Federal apuraram que apenas um banheiro com dois chuveiros e dois sanitários é disponibilizado aos caminhoneiros, somente durante o dia.

De acordo com o procurador do Trabalho que participou da operação, Eliquim Queiroz, “o fato de não terem vínculo empregatício não exime a Usina da responsabilidade de fornecer condições adequadas aos caminhoneiros durante a estada em seu pátio”.

Os caminhoneiros reclamaram que estão sujeitos a roubos durante a noite e até a acidentes, em função da má iluminação e ausência de sinalização no pátio. Caminhões tanque ficam lado a lado com os de carga seca, aumentando o risco de acidentes com vítimas, explica o procurador.

O Ministério Público do Trabalho abriu representação para investigar o caso e vai cobrar da empresa a adequação das condições em seu pátio. O grupo Carlos Lyra possui um total de seis usinas, sendo três em Alagoas, duas em Minas Gerais e uma em São Paulo.

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Operação flagra terceirização irregular no Triângulo Mineiro

segunda-feira, 10 outubro 2011,12:59

Condições de trabalho em lavouras de cana, cebola e batata, no triângulo mineiro, são alvos de uma operação conjunta do Ministério Público do Trabalho, o Ministério do Trabalho e Emprego e a Polícia Federal, que começou no dia 3 e vai até amanhã, 11. Até o momento, 273 trabalhadores terceirizados irregularmente, já tiveram vínculo de emprego reconhecido.

Hoje, 139 trabalhadores do transporte de cana da Usina Uberaba terão seus contratos transferidos diretamente para a tomadora dos serviços. Na última semana, 134 trabalhadores tiveram suas carteiras assinadas, após serem flagrados trabalhando sem registro na colheita de cebolas, na cidade de Santa Juliana.

Hoje: 139 trabalhadores
terão suas carteiras assinadas

A equipe de fiscalização conta com 11 membros: dois procuradores do Ministério Público do Trabalho, 4 auditores fiscais do trabalho e 3 agentes da Polícia Rodoviária Federal.

Resultados da operação em usina de cana de açúcar: Os 139 trabalhadores do transporte de cana da Usina Uberaba estão tendo seus contratos transferidos diretamente para a tomadora dos serviços nesta segunda-feira, 10, conforme acordo entabulado por Victor Hugo Cabral, do MTE e firmado com o MPT na última sexta feira, 7.

“Eles prestavam serviços por meio de pessoas jurídicas sem capacidade econômica e de gestão, Por isso, até os proprietários dessas pequenas empresas estão tendo suas carteiras assinadas”, explica a Procuradora do Trabalho, Elaine Nassif. “Eles constituíram pessoa jurídica para prestar serviços de transporte para a Usina, mediante garantia verbal de trabalho até o final do pagamento dos caminhões utilizados no transporte. Esses pequenos empresários chegavam a passar meses sem retirada de pro labore suficiente para manutenção de seu próprio sustento.”

Cada caminhão financiado custa em média 300 mil reais, com prestações mensais acima de 7 mil reais, equivalente a cerca de 38% do faturamento, que somados aos impostos, folha de pagamento, diesel e manutenção dos caminhões, consumiam todo o faturamento mensal.

Segundo o Procurador do Trabalho Eliaquim Queiroz, o excesso de carga é outro problema. O risco de tombamento e avarias na frenagem é grande já que, para transportar mais cana em cada viagem, os caminhões trafegam com 4 julietas, quando foram projetados para transportar com no máximo 2 (foto). “O sistema de frenagem dessas máquinas começa de traz para frente e o ajuste do sistema de freios pelos próprios camioneiros é bastante perigoso, sem contar no aumento dos gastos com manutenção quando a carga ultrapassa o peso permitido. Um camioneiro entrevistado disse que “se der problema no freio eu mesmo arruma um jeito de tombar o caminhão”.

Para Eliaquim, “a Usina transfere todos os riscos do transporte da cana para pessoas jurídicas inidôneas economicamente, além de ficar livre das despesas com empregados e manutenção, aumentadas com a ganância em transportar mais cana de uma vez só”.

A Polícia Rodoviária Federal auxiliou na constatação da irregularidade. Por permitir que os caminhões transitarem fora das especificações para as quais foram projetados, arriscando a vida dos trabalhadores e de quem estiver perto na eventualidade de um acidente, o Ministério do Trabalho autuou a Usina nos termos da NR-31. “Foi a primeira vez que esta irregularidade deu origem a auto de infração e esperamos que cumpra o efeito pedagógico esperado”, ressaltou Queiroz, que desenvolve um programa para combater esta irregularidade nas 22 Usinas SucroAlcooleiras do Triängulo Mineiro.

Em audiência pública realizada com os terceirizados na sede da empresa, Victor Hugo Cabral, auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego verificou que os trabalhadores estavam sendo prejudicados porque as terceiras estavam seguindo a convenção coletiva de Uberlândia, cujo piso salarial é inferior à de Uberaba em duzentos reais. Cabral explicou que “seguir a convenção coletiva do local da prestação dos serviços é importante para evitar que funções idênticas sejam remuneradas de forma desigual”.

Cabral também orientou sobre as horas extras. “Os terceirizados do transporte trabalham em jornada de 12 horas durante 6 dias na semana e descansam apenas um, perfazendo 72 horas, quando os empregados diretos trabalham 7 horas e 20 minutos por dia. Há um enorme passivo de horas extras sendo gerado semanalmente.

A Usina também providenciou iluminamento nos caminhões e tratores para o trabalho noturno. Para Amador Dias da Silva, auditor fiscal que coordenou a operação, “o conforto visual é importante para a prevenção de acidente”.

A equipe de fiscalização conseguiu ainda na semana passada, que a Usina Uberaba fizesse o depósito de R$ 22.000,00, relativo ao adicional noturno para os trabalhadores da colheita mecanizada com jornada noturna. O adicional não vinha sendo pago.

Operação em lavouras de cebola – A operação fiscal conjunta conseguiu fazer também com que a Fazenda São José assinasse carteira dos 134 trabalhadores flagrados sem registro na colheita da cebola. O proprietário assinou termo aditivo ao TAC que já tinha sido firmado na PTM de Patos de Minas, cuja desobediência também foi constatada e que poderá gerar uma multa de R$2.136.000,00.

Esses trabalhadores foram flagrados pelos órgãos fiscalizadores graças a informação obtida de um trabalhador que recorreu ao sindicato para reclamar. Esses trabalhadores são recrutados todos os anos por turmeiros na pequena Santa Juliana, verdadeira cidade dormitório dos trabalhadores do campo, boa parte imigrantes de outros estados da federação, como Maranhão, Ceará e São Paulo, que alugam casas em Santa Juliana para trabalharem nas diversas lavouras da região. A turmeira Tatiane é conhecida de todos e ganha um percentual sobre os sacos coletados. Tatiane levou dois ônibus de trabalhadores. Cada turma rende para ela cem reais por dia. Com duas turmas ela esperava fazer duzentos por dia, ganhando em 15 dias, cerca de R$ 1.000,00. A agenciadora de mão de obra disse que não queria trabalhar com carteira assinada, mas ao mesmo tempo não sabe o que vai ser dela se adoecer ou não puder agenciar mão de obra, pois sequer recolhe para a previdência. Tatiane também foi contratada pela Fazenda durante a ação fiscal.

Operação em lavouras de batatas: A lavoura da batata também foi fiscalizada, culminando na lavração de autos pelos auditores Ronaldo Ramos e Geraldo, e propositura de TAC`s por descumprimento da NR 31. Em todas as lavouras visitadas: cana, cebola e batata, não havia área de convivência, proteção contra intempéries, água potável, sanitários, local para acondicionamento correto da alimentação levada pelos empregados, fornecimento gratuito de EPIs e ferramentas para o trabalho. Na lavoura da cebola, exemplifica Ronaldo, auditor fiscal “os trabalhadores enfiavam um bag na cabeça (foto) fazendo as vezes de sanitário e compravam limas, luvas e tesouras com dinheiro do próprio bolso para executar o trabalho”.

Em setembro também foi realizada operação conjunta na região de Frutal, também no Triângulo. Para os agentes públicos que trabalharam nesta (foto) e na operação conjunta anterior, a melhoria das condições de trabalho no campo é notável relativamente à situação que existia em 2004, quando as operações conjuntas começaram, pois já não se pode falar mais em trabalho escravo e sim em ajustes nas condições laborais.

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Segurança no transporte de cana de açúcar é alvo de investigação do MPT

segunda-feira, 12 setembro 2011,12:59

Ministério Público do Trabalho vai investigar 15 usinas de cana de açúcar e de álcool do Triângulo Mineiro

Foto: TV Integração - Uberlândia

Uberlândia – 15 representações abertas contra usinas de açúcar e de álcool que atuam no Triângulo Mineiro. Esse foi o resultado da reunião promovida pelo Ministério Público do Trabalho, no dia 5 de setembro,  sobre o excesso de carga no transporte de cana de açúcar e as consequências para trabalhadores e usuários de rodovias brasileiras.

Cerca de 30 pessoas, entre representantes do Estado, do Departamento de Estradas e Rodagens(DER), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), das Polícias Rodoviária Federal e Militar,  do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), de sindicatos e de empresas discutiram a situação. Na média, o excesso de carga na região chega a 35%.

De acordo com o procurador Eliaquim Queiroz, que convocou a reunião, a investigação do MPT vai abordar a segurança no trabalho dos motoristas com excesso de carga. “A reunião reafirmou a gravidade da conduta das empresas e seus efeitos em termos de aumento da exposição dos trabalhadores aos riscos, bem como a necessidade de uma atuação articulada em face de todas as empresas do setor, pois a prática ilícita é padrão no setor, seja pelas constatações já existentes, pela similaridade das tecnologias e equipamentos usados e pela manifestação agrupada das empresas por seu sindicato”,  explicou Eliaquim.

Leia também: Excesso de carga será tema de reunião no MPT

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Cutrale é alvo de ação judicial por não fornecer alojamento digno

segunda-feira, 29 agosto 2011,12:59

Operação resultou na emissão de 206 autos de infração e na interdição de 5 ônibus utilizados para o transporte dos trabalhadores

Uberlândia – A empresa Sucocítrico Cutrale Ltda, uma das maiores produtoras de suco de laranja do Brasil, foi alvo de ação judicial do Ministério Público do Trabalho por não fornecer alojamento adequado a trabalhadores.

No período de 8 a 19 de agosto, foram encontrados 103 trabalhadores em alojamentos inadequados, durante operação conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Polícia Rodoviária Federal.

Foram fiscalizadas frentes de trabalho de sete fazendas produtoras de laranja, nas cidades mineiras de Frutal e Comendador Gomes, além de diversos alojamentos. A maioria das irregularidades estavam presentes em todas as lavouras: ausência de local adequado e recipiente para refeições, sanitários e fornecimento/reposição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), não fornecimento de água potável e manuseio inadequado de agrotóxico.

“Os alojamentos foram classificados como insalubres, sem um padrão mínimo para a dignidade da pessoa humana e com enorme risco à saúde e segurança dos mesmos”, relatou um dos procuradores que participou da operação, Eliaquim Queiroz.

Segundo Eliaquim “também ficou constatado que a empresa utiliza o perverso sistema de contratação por meio de “gatos”, que consiste em aliciar trabalhadores em outros estados para a colheita da laranja em Frutal”. Foram encontrados trabalhadores de outros municípios mineiros e de outros Estados do país, como Maranhão, Bahia e Pernambuco.

Soma-se ao rol de irregularidades a terceirização ilícita do carregamento da produção, a não concessão de repouso semanal remunerado, pausas e intervalos durante a jornada.

Cinco ônibus, utilizados para transporte dos trabalhadores até a lavoura, foram interditados pelo MTE por estarem inadequados para o transporte e 206 autos de infração foram lavrados.

Entenda o caso – ainda durante a operação, após detectadas as irregularidades, no dia 12 de agosto, a empresa firmou um Termo de Ajustamento de conduta perante o MPT se comprometendo a adequar no prazo de quatro dias os alojamentos que estavam com problemas em instalações elétricas e sanitárias, locais para refeição, camas e colchões, seguindo padrões da Norma Regulamentadora 31 do MTE.

Cinco dias após a assinatura do compromisso, no dia 18 de agosto, a ação foi ajuizada, após a confirmação de que os trabalhadores continuavam na mesma situação.

A Ação de Execução de Obrigação de Fazer ajuizada pelo MPT pede a condenação da Cutrale às obrigações de oferecer alojamentos adequados à n NR 31, ainda que seja necessário colocá-los em hotéis, e nesse caso, se responsabilize por todas as refeições do dia, sob pena de multa diária de R$2 mil reais por trabalhador. Aguarda-se a decisão da Vara do Trabalho de Frutal determinando à empresa o cumprimento da obrigação.

Frentes de trabalho fiscalizadas: fazendas Vale Verde, Vale Azul, Portal de Minas, Santa Rita, Rio Verde, Novo Mundo e Santa Terezinha – , todas localizadas nas regiões de Comendador Gomes, Frutal e Prata, no Triângulo Mineiro.

Participaram da operação oito auditores fiscais do Trabalho, quatro agentes da Polícia federal e os procuradores do Trabalho Eliaquim Queiroz, Alesandro Beraldo e Paulo Veloso.

Além da ação ajuizada para sanar de imediato o problema dos alojamentos, as demais irregularidades apuradas durante a fiscalização serão alvo das ações pertinentes pela unidade do MPT em Uberlândia.

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MPT resgata em Araguari trabalhadores aliciados no Ceará

O empregador foi acionado judicialmente para pagar os salários em atraso e outras verbas. Os trabalhadores voltaram nesta terça-feira para suas cidades de origem

PTM Uberlândia – Na tarde desta terça-feira, 5, retornaram para o Ceará 14 trabalhadores encontrados em situação degrandante, na cidade de Araguari, triângulo mineiro. Eles foram aliciados nas cidades de Barro e Aurora para trabalhar em lavoura de tomate.

Quando chegaram na fazenda o empregador fez apenas um contrato verbal de parceria. Na prática, desde setembro de 2009 todos recebiam apenas R$ 50,00 mensais. O restante do salário R$ 325,00 era retido pelo empregador para pagar a alimentação.

Os próprios trabalhadores fizeram a denúncia na Gerência Regional do Trabalho. Em inspeção em meados de dezembro o Ministério Público do Trabalho propôs ao empregador um acordo para pagamento administrativo dos débitos trabalhistas, porém o empregador não concordou.De acordo com o procurador que atuou no caso, Fábio Lopes Fernandes, após a denúncia feita pelos trabalhadores, o empregador suspendeu o fornecimento de comida e o pagamento de R$ 50,00. Links relacionados – Globo Rural: Leia o textoAssista o vídeo

No dia 30 de dezembro o Ministério Público do Trabalho ajuizou ação civil coletiva pedindo a condenação dos réus, Pedro Eustáquio Pelegrini e Maria Souza Carvalho a pagarem os direitos trabalhistas dos 14 empregados e a custear o retorno deles às suas cidades de origem. Foi pedida também a indisponibilidade dos bens do casal para garantir a quitação da dívida. A Justiça do Trabalho já deferiu os pedidos em caráter liminar.

Nesta terça-feira (5), por volta das 17 horas, os trabalhadores embarcaram de volta para o Ceará. A previsão é que cheguem na quinta-feira à noite em suas cidades de origem. Eles foram em uma Van alugada pelo empregador e receberam R$ 100,00 para as despesas de retorno.

O ação continua em andamento na Justiça para assegurar a quitação de salários e outras verbas devidas aos trabalhadores.

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